Na década passada, a Adidas manteve bases (pronunciava-se “beizis”) na Lagoa, no Rio, e numa das entradas da USP, em São Paulo. Era duca, não só por conta dos empréstimos de tênis de corrida e dos diversos treinos periódicos, mas principalmente pelo vestiário, com chuveiros e toalhas. Tudo na vasca.
O negócio era tão mão na roda que surpreendentemente até durou bastante. Em São Paulo, por quase quatro anos.
A lusitana rodou e a Fila inaugurou algo similar, o que os profissionais de marketing chamam de “espaço imersivo”. É a House of Racer, montada junto à entrada principal do parque Villa-Lobos, em São Paulo.
A parada é sazonal, acaba neste sábado (11), não tem chuveiros, mas empresta tênis, promove treinos e, como opção divertida, tem uma esteira de corrida (calma!) com projeção de cenários que evocam maratonas famosas pelo mundo: Berlim, Nova York, Tóquio e São Paulo (na projeção, dentro de um parque).
A projeção é bastante editada, então não espere fidelidade dos cenários dos 42K. Na verdade, com cerca de 3 ou 4 minutos você finaliza o percurso. Os landmarks, claro, estão lá: Coluna da Vitória, Portão de Brandemburgo, as pontes de Nova York, o Central Park.
Há três velocidades pré-programadas opcionais na esteira, e quando ataquei de 14 km/h (pace 4:17), me senti meio Nakajima, como se efetivamente descesse um declivezinho da capital japonesa. Até segurei nas alças de proteção da esteira.
A Fila montou sua estrutura para fazer barulho em torno de dois tênis de corrida recentemente lançados, ambos “responsivos”, o Float Maxxi 2 PRO, de 900 paus, e o Racer Carbon 2, com placa 100% de carbono, a R$ 1.100.
Em entrevista por e-mail a esta coluna, Patricia Calixto, diretora de marca, revelou que até o fim de abril mil pessoas haviam testado a experiência na esteira; 8.000 passaram pelo espaço.
Duzentos tênis foram vendidos ali até aquele momento, aproveitando a promoção que dá ao comprador inscrição gratuita para a maratona de revezamento organizada pela marca na USP, no fim de agosto.
E confirmando que o fetiche da maratona está em alta, Patricia disse ainda o seguinte: “Recentemente as grandes maratonas internacionais viraram um desejo aspiracional também do corredor iniciante. Até por serem eventos transmitidos no mundo inteiro, que contam com a presença dos maiores nomes do esporte”.
“Ao trazer essa experiência 4D para a House of Racer, a marca proporciona algo único e exclusivo para os corredores que almejam participar dessas provas (…) experimentando a sensação de correr em um local diferente daquele a que estão acostumados.”
Como disse na minha estreia neste espaço, acho pouco razoável que um tênis, ou “supertênis”, como dizem, permita que eu consiga livrar 12 segundos de meu pace, proeza que acho que não vou realizar nem nas próximas encarnações.
De qualquer forma, numa impressão um tanto leviana, oriunda 100% de corrida de esteira, diria que o Float que experimentei era muito leve e que o tamanco da sola de amortecimento não incomodava. Farei o máximo para levá-lo para correr no parque e registrar uma opinião mais bem abalizada.
Na onda da agenda esportiva, deixo um salve pro meu parça Carlos Dias, o Carlão, o ultramaratonista de pace “tartaruga ninja” que monta desafios anuais de corrida. Como ir da gaúcha Chuí a Pacaraima (o novo Oiapoque), em Roraima. Treta.
Eu já corri com ele por cerca de três horas às vésperas de uma mara do Rio e devo dizer: correr devagar não é bolinho.
Conselho: não faça isso às vésperas de uma maratona.
Nesta sexta-feira (10), a partir das 12h, ele promove mais um desafio, agora de 12 horas, intercalando-o com entrevistas virtuais com gente da corrida e até com o presidente da versão brasileira do instituto Capitalismo Consciente, Hugo Bethlem. Parte do que o Carlão arrecada em seus desafios vai para entidades como o Graacc, o hospital referência no combate ao câncer em crianças e adolescentes.