Raquel Kochhann disputa sua terceira edição de Jogos Olímpicos e, desta vez, representará o Brasil como porta-bandeira em Paris. Ela é jogadora da seleção feminina de rúgbi, conhecida como Yaras —uma guerreira indígena que se tornou símbolo da equipe. Além dela, Isaquias Queiroz, da canoagem, também foi escolhido como porta-bandeira.
Kochhann já está em Paris e disputa seu primeiro jogo no dia 28 deste mês. Além dos feitos esportivos, a brasileira de 31 anos e capitã da seleção tem em seu currículo uma história de superação. Ainda antes de competir em Tóquio-2020, ela descobriu que tinha um nódulo no seio, até então inofensivo. Um ano depois, no entanto, por conta de uma cirurgia que faria no joelho, decidiu também tratar o nódulo, que já estava grande e visível.
Na biópsia, foram encontradas células cancerígenas e uma predisposição ao câncer de mama —sua mãe, inclusive, tivera a doença. A recomendação era da retirada. Ela optou por uma mastectomia bilateral e foi encaminhada à oncologia. Após uma bateria de exames, nova descoberta: estava com um câncer no osso esterno, que fica no tórax, com o mesmo tipo de célula encontrada na mama.
Em março de 2023, Kochhann foi liberada para voltar aos treinamentos, já recuperada da cirurgia no joelho, mas o período coincidiu com o início da quimioterapia e da radioterapia. Ela ficou afastada de treinamentos mais pesados e competições, embora sempre presente no centro de treinamentos da seleção. Foi só no início de agosto daquele ano que ela voltou às atividades normais e sem sequelas dos tratamentos.
Em outubro, com uma proteção especial para o esterno, ela voltou aos treinamentos e, em dezembro, fez o primeiro jogo, com toda a equipe médica na plateia. Levou um tranco, caiu, não sentiu dor, levantou e seguiu.
Ela voltou à seleção no fim de janeiro, para o Circuito Mundial, em Perth, na Austrália, e reconquistou a vaga aos poucos, com o apoio das jogadoras e da comissão técnica do Brasil.
Kochhann nasceu em Saudades, em Santa Catarina, e começou sua trajetória no futebol até chegar ao rúgbi, quando tinha 19 anos. Ela defende o Charrua, do Rio Grande do Sul.