Cientistas criam chocolate mais saudável e sustentável
Além disso, os cientistas argumentam que, por aproveitar melhor o fruto, a produção desse tipo de chocolate poderia “reduzir o uso da terra e o potencial de aquecimento global em larga escala, em comparação com a produção média europeia de chocolate amargo”.
Como os grãos de cacau, sozinhos, constituem uma fração muito pequena do fruto, a superfície de terra necessária ao seu cultivo – e, portanto, as emissões de gases do efeito estufa geradas pelo desmatamento de vegetação tropical para dar lugar às plantações – são maiores na produção de chocolate convencional.
“Portanto, um maior aproveitamento de outras partes da vagem do cacau, como a polpa e o interior da casca, não só poderia ajudar a diversificar as fontes de renda dos agricultores, mas também a reduzir os principais impactos ambientais durante a fase de cultivo”, argumentam os pesquisadores.
Apesar do processamento adicional, os pesquisadores asseguram que essa receita de chocolate é mais ecológica do que a convencional.
Adoçante natural, mais fibras
No novo processo, os caroços de cacau importados de Gana foram tostados, descascados, moídos e esterilizados como de costume para a produção da pasta de cacau. Depois, os pesquisadores transformaram em pó a parte interior da casca do fruto, misturando-a então a parte da polpa, para transformar ambos os componentes numa gelatina doce, resultando numa redução do açúcar refinado adicional.
Segundo os autores do estudo, graças à gelatina de cacau adoçante, o chocolate também tem um teor de fibra ligeiramente superior ao do chocolate amargo europeu médio: 15%, três pontos percentuais a mais do que o produto convencional. Ele também contém 23% de ácidos graxos saturados, contra 33% do chocolate amargo europeu médio.
Vantagens para os agricultores
Os cientistas afirmam ainda que os pequenos agricultores poderiam aumentar sua renda comercializando outros componentes da fruta. Do novo processo sobra apenas a casa do fruto, que pode ser usada como combustível ou transformada em adubo.
Deve levar algum tempo até o novo tipo de chocolate estar disponível no mercado, mas a ETH já deu entrada no processo de patenteamento.
“Demonstramos que nosso chocolate é atraente e comparável em termos de sabor”, comenta Mishra. “Mas agora toda a cadeia de valor deve ser completada, a começar pelos plantadores de cacau, que precisam de instalações de secagem. Só quando a empresa de processamento alimentar produzir pó suficiente, um fabricante de chocolate poderá produzir e comercializar em maior escala o chocolate com frutos do cacau.”