Antártida: como é fazer um cruzeiro de expedição – 16/04/2024 – Turismo

Antártida: como é fazer um cruzeiro de expedição – 16/04/2024 – Turismo


É possível que o explorador James Cook tenha se revirado no túmulo quando constataram que, em 1772, ele esteve a menos de 150 km de descobrir a Antártida e desistiu. Depois de três expedições atrás das terras que supostamente equilibravam o hemisfério Norte, ele declarou: “Ninguém jamais se aventurará mais longe do que eu e que as terras situadas ao sul jamais serão exploradas”.

Por um lado, ele tinha razão, já que navegar pelas águas da inóspita Antártida é um desafio até hoje, —quem dirá naquela época. Porém, os russos e os britânicos chegaram, quase juntos, pela primeira vez em 1812, e fincaram os pés e as bandeiras no solo congelado. Pobre Cook.

Fazer turismo na Antártida é uma experiência marcante, Mas por mais tecnologia que a modernidade ofereça, essa ainda é considerada uma expedição de aventura, com logística bastante complexa. Se você não é ninguém como o navegante e escritor Amyr Klink, precisa viajar com uma equipe experiente e qualificada, incluindo guias, capitães de navio, médicos e outros profissionais que possam lidar com situações imprevistas. Além de uma embarcação segura, equipada e que siga as diretrizes de conservação da região.

A aventura começa pela costa chilena, partindo da cidade de Punta Arenas ou pela costa argentina, na cidade de Ushuaia. Saindo do Brasil, é necessário voar até uma dessas cidades, com escalas obrigatórias nas capitais Santiago ou Buenos Aires.

As embarcações iniciam a navegação em um primeiro trecho que dura cerca de três dias, com 570 km, e faz ligação entre os oceanos Atlântico e Pacífico: é a famosa travessia do estreito de Magalhães. O estreito faz alusão a um labirinto. Alguns pontos do percurso têm, aproximadamente, 3 km —sujeitos a ventos fortes e correntes marítimas. Não à toa é considerada uma das regiões mais turbulentas dos oceanos.

Algumas empresas oferecem a opção de voar até a ilha do Rei George, a mais próxima da península antártica, que abriga várias bases de pesquisa científica de países como Brasil, Chile, Argentina, Coreia do Sul, China e Rússia. A ilha tem 95 km de comprimento e uma pista de pouso para voos charters, com previsão de saídas dependentes da mudança repentina do clima da região. Mas o voo é tranquilo e dura em torno de duas horas.

Atividades da expedição

A maioria das expedições dura de 7 a 20 dias e inclui paradas em diferentes pontos da península e ilhas adjacentes. A Quark Expeditions promove viagens para a região há 30 anos e possui a maior frota de classe polar que opera no local, permitindo que a viagem seja feita por pessoas a partir dos 8 anos. Os pacotes custam a partir de US$ 15 mil, ou R$ 76 mil, para saídas em novembro de 2024.

Nas embarcações há vários tipos de cabines, algumas até com varanda externa particular. Os passageiros têm acesso a uma série de atividades a bordo, como palestras e apresentações sobre a história, fauna e flora da Antártida. Também é possível fazer outras atividades de lazer, como caminhadas no gelo, passeios de barco e stand-up paddle entre os icebergs.

Essa última é uma das experiências mais intensas e desafiadoras da expedição, que fornece uma roupa específica para águas geladas em caso de queda, o ‘drysuit’, e um barco acompanha a remada durante todo o percurso.

O frio no convés do navio é bem suportável com as vestimentas corretas. Assim também funciona nos chamados ‘zodiacs’ —barcos a motor infláveis que saem para as explorações externas da fauna marinha e do continente. É preciso seguir um checklist para cada saída, com todos os equipamentos especiais como parca, botas de borracha, colete salva-vidas e luvas.

As viagens só podem ser realizadas entre outubro e março, período em que as temperaturas médias são de 11 graus Celsius negativos —o verão antártico. No inverno, nem pensar. As temperaturas podem chegar até −80 °C no continente, com ventos a mais de 300 km/h, tornando as condições extremamente perigosas para navegação, além de muitas das vias de acesso ficarem bloqueadas pelo gelo.

Apesar das condições extremas, a vida floresce nesse ambiente. Pinguins, focas, baleias e outros animais marinhos se alimentam nas águas geladas que cercam a Antártida, enquanto as aves migratórias usam a região como um ponto de parada em sua jornada para o norte.

Os pinguins cruzam os nossos caminhos, na maioria das vezes, com um grupo, ou uma fêmea que passa deslizando pelo gelo ensinando seu filhote a fazer o mesmo. As colônias podem ter de 200 até 400 pinguins juntos, e assistir a eles é tão fascinante que poderia levar o dia todo.

Os chamados zodiacs também levam os viajantes à grande atração da Antártida: as baleias. A emoção de vê-las pode ser descrita como uma mistura de fascínio e humildade. A primeira reação ao avistá-las é, geralmente, de espanto pelo seu tamanho, principalmente quando comparado aos nossos barcos infláveis, que chegam em uma distância de até cinco metros dos animais.

No final do dia, de volta à embarcação, os viajantes se encontram na sala que antecede o restaurante para dividir fotos, história e experiências. Há uma sensação de camaradagem que surge quando um grupo de estranhos se une em torno de um objetivo comum e, à medida que a expedição avança, essas pessoas se tornam amigos e parceiros de equipe, unidos pela experiência compartilhada de superar obstáculos e desafios.

Quando ir: de outubro a março — período de verão Antártico

Companhias aéreas que operam o trecho: Sky Airlines, Latam, Aerolíneas Argentinas

Embarcação: Quark Expeditions (a partir de US$ 15 mil, ou R$ 76 mil, para saídas em novembro de 2024)



Fonte: Folha

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