Lugares onde eu pagaria para ver e rever – 10/04/2024 – Zeca Camargo

Lugares onde eu pagaria para ver e rever – 10/04/2024 – Zeca Camargo


Então Veneza vai cobrar, a partir do próximo dia 25, dependendo da data da visita, quase R$ 30 apenas para conhecê-la. Será esse o futuro do turismo para as cidades mais concorridas entre os destinos globais?


Antes de você começar a se preocupar com isso, ressalto duas coisas sobre essa decisão da prefeitura local. A primeira é simples, até reconfortante: é apenas um teste.

Pode vir a ser uma taxa permanente no futuro ou algo cobrado sazonalmente. Ou pode ser que a ideia não dê certo, por rejeição ou pela dificuldade logística que ela apresenta.

Mas e se der certo? Aí vem o segundo ponto que queria pensar com você: que lugares do mundo, hoje gratuitos, valem a pena pagar para visitar?

Quase todas as atrações que queremos conhecer, em virtualmente todos os países da Terra, já têm uma bilheteria na sua entrada. Não estou nem falando de museu, coleções de arte, centros culturais ou relíquias históricas. A regra vale também para grandes espaços abertos.

O passe de três dias para os templos de Angkor, em Siem Reap (Camboja), sai por R$ 320. O palácio e os jardins de Versalhes, ao lado de Paris, são seus por uns R$ 100. O mesmo que você paga para se encantar com as Catarata do Iguaçu.


Existem, no entanto, maravilhas espalhadas pelo planeta que ainda são de graça. E se a “moda italiana” pegar? Bem, já pensando nessa possibilidade, fiz uma rápida lista de lugares onde desembolsaria feliz uns trocados para lá passear. De novo.

Comecemos pela própria Itália. O simples andar pelas ruas de Siena, Florença e sobretudo Taormina é tão inspirador que se nelas surgirem pedágios, não vou me importar.

O mesmo vale para Ouro Preto (MG). Apenas caminhar por toda aquela arquitetura é uma viagem no tempo, algo que vale para outras cidades históricas mineiras.

Toda a vizinhança do Pelourinho, em Salvador, diga-se um lugar relativamente fácil de controlar a entrada, valeria um ingresso. E, ainda no Brasil, sabia que você não paga nada para andar nas estupendas dunas dos Lençóis Maranhenses? Por enquanto…


Grandes áreas urbanas também são “de graça”, e se não oferecem prazeres estéticos, ao menos convidam a uma rica troca humana. Como nas ramblas de Barcelona, Espanha. Ou nos cruzamentos de Shibuya, em Tóquio.

Uma área relativamente pequena, como a da praça Central de Praga (República Checa), ou assustadoramente ampla, como a das igrejas de pedra em Lalibela (Etiópia), pode colocar o preço que for que eu vou querer ir sempre.


Times Square, em Nova York. O jardim das Tulherias, em Paris. A Via Sacra em Jerusalém. O Grande Bazar de Istambul. O portal da Índia, em Mumbai. Pagaria pela oportunidade de circular em cada um deles.

Acima de todas essas locações, porém, há um cantinho no sudeste asiático onde eu desembolsaria qualquer valor para voltar: Luang Prabang, no Laos.

Numa área que você cobre a pé em menos de uma hora, estão espalhados mais de 40 templos budistas pintados de vermelho e ouro, cercados por um verde exuberante e dois rios.

Alguns deles até cobram para entrar, mas se você quiser ver de fora, atrás dos muros baixos, também vai se deslumbrar. Os monges cobertos de laranja e o soprar do vento quente completam a experiência.


Neste mundo que já andei, não existe nada como Luang Prabang. E quanto você desembolsa para simplesmente vagar por ali… e transcender? Zero.

E mesmo que um dia os laoenses resolvam imitar Veneza, mesmo que cobrem bem mais do que os tais R$ 30 para você poder se perder por Luang Prabang, eu te pergunto: quanto custa a pura beleza?


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Fonte: Folha

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